SAL A MAIS. Alertado por Alberto Gonçalves, cujas prosas na Sábado e no DN integram a dose semanal de leituras que nunca dispenso, fui ler o texto que o deputado Jorge Almeida publicou num jornal da minha terra onde defendeu a famosa lei que prevê a redução do sal no pão. Diz o deputado que não se deve pactuar com «perfis comportamentais de risco para a saúde», pois é a comunidade que paga «a factura da doença, da «invalidez», ou «da morte prematura». «Quando estão em causa problemas de saúde pública de grande relevância» resultantes de «causas modificáveis», prossegue o deputado, «faz todo o sentido introduzir alguma regulação». Ora, seguindo o raciocínio do ilustre, por que não reduzir o açúcar, as calorias, as gorduras, os fritos e tudo o resto que ponha em risco a saúde? Por que não, já agora, reduzir os deputados que nos querem salvar, provavelmente casos de saúde mental? Quando é que os políticos metem nas cabecinhas que não é função do Estado decidir o que devemos comer e quantas quecas (e com quem) podemos dar? (Sim, exagero, mas lá chegaremos.) Os políticos estão preocupados com a nossa saúde? Então obriguem as panificadoras (e demais indústrias alimentares) a expor os seus produtos no mercado acompanhados de informação acerca do teor de sal e doutras coisas que fazem mal, deixando ao consumidor a liberdade (sim, é de liberdade que estamos a falar) de escolher o que lhe interessa e de excluir o que não lhe convém. Não queiram decidir por nós o que só a nós compete decidir, e exercer funções para as quais ninguém os elegeu. E, já agora, façam o favor de não nos tratarem como se fôssemos crianças ou atrasados mentais. O facto de os termos eleito pode prestar-se a essas leituras, mas não é caso para tanto. [Originalmente publicado em 14-5-2009]