PRAGMATISMO E VARIAÇÕES. Contrariamente ao que possa parecer, sobretudo aos que me lêem no blogue, desejo que as coisas corram bem a Obama. Antes de mais, porque Obama dirige o país que escolhi para viver, e onde tenciono permanecer nos próximos anos. Depois, votei nele por me parecer que Obama era o menos mau dos candidatos, e por acreditar que a simples ideia de que as coisas iriam mudar, como ele prometeu, era, por si só, positivo. Pareceu-me, finalmente, que Obama se renderia ao pragmatismo em matérias como a segurança e o terrorismo caso fosse eleito, e o que está a acontecer demonstra que não me enganei — ou que não me enganei inteiramente. Posto isto, devo dizer que vejo com apreensão as hesitações que Obama tem vindo a demonstrar em matérias como as que acabo de enunciar, que já o levou a fazer um discurso ao país procurando tranquilizar os mais cépticos. Qualquer pessoa que não morra de amores pela política em geral e pelos políticos em particular sabe bem que a questão da segurança e do terrorismo é mais delicada do que muitos pretendem, e toda a gente também já percebeu que as medidas tomadas por George W. Bush teriam que ser tomadas na altura em que foram tomadas, como também começa a ser evidente que as medidas seriam tomadas na mesma caso o presidente fosse outro, republicano ou democrata. Eu sei que estou a chover no molhado, e até já ouço dizer: «Lá está o gajo a defender Bush, esse malvado.» Acontece que eu não mudo conforme os ventos e me chateia que a importância dos factos varie consoante os protagonistas, e não aceito que hoje se aplauda pelas mesmíssimas razões o que ainda ontem se condenou. Chateia-me, por último, a mentira e a má-fé, a ponto de me fazer sair em defesa de um inimigo caso esteja a ser vítima delas. Um exagero, bem sei, mas é assim. [Originalmente publicado em 11-6-2009]