O PROFESSOR. J. M. Nobre-Correia resolveu descer do pedestal para nos vir dar uma lição de jornalismo. Numa prosa manhosa e por vezes incompreensível, o professor começou por dizer que «a história mostra suficientemente que os media norte-americanos há muito mais não são do que porta-vozes de círculos que só reconhecem como limites dos seus procedimentos os seus próprios interesses económicos e estratégicos». E depois que os media norte-americanos «adoptam uma postura de soldadinhos, o dedinho na costura das calças, em relação à megalomania guerreira do seu Presidente». Estas e outras pérolas a propósito das regras que o governo americano impôs aos jornalistas interessados em cobrir a guerra ao lado das suas tropas, que a mim me merecem reservas e ele discorda mas não explica porquê. Além de muito convenientemente omitir que só entra no «jogo» quem quer e de não ter escrito uma linha a condenar as reportagens que todos os dias nos chegam de Bagdad — cozinhadas com base em «material noticioso» muito convenientemente colocado à disposição dos jornalistas pelas autoridades iraquianas, como muito bem avisou Pacheco Pereira no Flashback —, assim demonstrando Nobre-Correia que não é a verdade que o preocupa mas apenas parte dela. Disse mais o professor no Público: que os EUA são «uma plutocracia em perda de identidade democrática». E com base em quê que ele disse isto? Evidentemente com base nos argumentos do costume: preconceitos e ignorância. Coitados dos alunos do senhor professor. [Originalmente publicado em 14-3-2003]