AUTO DEIXA ANDAR. Quatro meses após o que se presume terem sido de intensa reflexão, as televisões portuguesas e a Alta Autoridade para a Comunicação Social chegaram, finalmente, a um «acordo de auto-regulação». Segundo os jornais, o acordo prevê mudanças nos chamados reality shows (qualquer coisa à volta da privacidade), o compromisso de reforçar «os mecanismos que garantam qualidade à informação e clarifiquem os critérios jornalísticos» e mais umas miudezas de que já me não lembro. Inquirido sobre o desfecho do negócio, o doutor Balsemão reconheceu que foi «o acordo possível». O presidente da Alta Autoridade realçou que o acordo fornece «traves mestras» e faz com que a lei tenha agora «um valor moral mais forte». Paes do Amaral, da TVI, advertiu que «mais do que isto seria limitar a liberdade de expressão no audiovisual». João Carlos Silva, da RTP, também disse qualquer coisa, mas confesso que já não me lembro o quê. Do que me lembro perfeitamente é de tudo ter acabado em bem, suponho que a bem das TVs e da própria Nação. Com certeza que tudo isto não passou de mais um exemplo destinado a ilustrar a famosíssima tese de que é necessário que alguma coisa se mude para que tudo fique na mesma. Mas, bem vistas as coisas, que outra coisa seria de esperar? [Originalmente publicado em 30-9-2001]