VITAL. O senhor Vital Moreira, que em tempos escreveu uma crónica onde demonstrou a sua indignação perante um massacre que nunca existiu (e depois nunca teve a hombridade de admitir o erro), resolveu, na sua última crónica do Público, insurgir-se contra os países que assinaram um documento de apoio à política norte-americana para o Iraque e, de um modo geral, contra a mais que provável intervenção militar na região. Acontece que, para o fazer, o senhor Vital socorreu-se de argumentos muitíssimo convenientes mas, infelizmente, falsos. E o que disse Vital Moreira? Bom, para começar, que os inspectores da ONU «sublinham a cooperação das autoridades iraquianas nas tarefas de inspecção». Depois, que «o relatório [dos inspectores da ONU] enuncia a lista da destruição de armas desde a guerra do Golfo». Ora acontece que, sobre o primeiro caso, é público que os inspectores se queixaram de falta de cooperação do regime de Saddam. Ou seja, precisamente o contrário do que diz Vital. E toda a gente sabe que o relatório não contém qualquer lista de destruição de armas, que o senhor Vital exibe como se de um facto se tratasse. Com certeza que o ilustre senhor tem todo o direito de defender os seus pontos de vista e de proferir os disparates que muito bem entender. Mas convinha que alguém lhe lembrasse que não é correcto fazer passar por factos aquilo que não passam de meros desejos. Até porque, assim, qualquer tese cai pela base. Como caiu pela base a tese que defendeu na sua última crónica, embora não se tenha perdido grande coisa. [Originalmente publicado em 9-2-2003]