GAZETA REGIONAL. A chamada imprensa regional continua a produzir pérolas de antologia. Só da minha terra, o Semanário Transmontano citou uma série delas na edição de 29 de Dezembro, presumo que todas da mesma semana. Eis algumas: «Se o Notícias de Mirandela, alheio a cores, isento de paixões, procura estar presente e sempre o tem conseguido em tudo que à nossa terra possa interessar, porque razão os Mirandelenses não hão-de corresponder de igual modo, auxiliando-nos, colaborando na expansão e difusão do Quinzenário.» (Notícias de Mirandela); «É preciso que os Caminhos de Ferro voltem à gerência gente que perceba do ofício, e não sirva de suporte a 'analfabetos encartados' numa empresa, onde é preciso saber ler e contra, e os canudos não são tudo (...)!!» (O Arrais); «Ser vila é que um título honorífico que não obriga nenhuma instituição, nem câmara, nem governo a fazer mais obras que noutra freguesia qualquer. Ser vila é como o rei sem trono. Ter honra sem proveito. Pura ilusão?! Salto tem de facto uma coisa nova é a lixeira das Golas. É uma coisa pequena.» (O Povo de Barroso); «No passado dia 23, ocorreu o enlace nupcial de Sandra Cristina Alves Leite, (filha de António José Guerra Leite e Maria Argentina Alves Barreiro) e João Carlos Pereira Carvalhais, (filho de António Maria Pimenta Carvalhais e Ana de Jesus do Carmo Pereira), pessoas bem conhecidas e estimadas do nosso meio. (...) O jornal 'Mensagens Aguiarenses', que se associou à linda festa através de Augusto Gil Chaves, dilecto familiar da noiva, deseja ao jovem e simpático casal as maiores venturas a partir deste momento imperecível em que decidiram caminhar em conjunto no seu futuro (...)» (Mensageiro Aguiarense); «Entramos com este número no XVII ano de publicação deste jornal, o que apesar das dificuldades que se nos deparam iremos continuar com o propósito.» (Jornal do Norte). Que tal? Também eu tenho aqui guardada uma prosa poética de se lhe tirar o chapéu. Foi publicada na Voz de Trás-os-Montes e o seu autor é António Teixeira Ferreira. Eis um naco: «Os seixos, em lençol de pavimento oferecido à paixão das margens pintalgadas pelo pasto tenro espelham o relento levantado pela fervura da correnteza, brilhando como sóis de alva claridade.» Mais outro: «Ao longe, uma torre de granito gótico, coalhado no breu das montanhas do Poente, confunde-se com as meias tintas das perspectivas que terminam, ao acaso, a visão do quadro em plenitude.» Ainda outro: «Avança o relógio do Inverno a imposição do seroar provinciano obrigando ao oratório da desamparo com a dormideira do escano entre o trasfogueiro e os potes do cozidos dos animais.» Um primor, não é? [Originalmente publicado em 8-1-2001]