COISAS SIMPLES. Cada vez tenho mais dificuldade em julgar as imagens que me chegam de cenários de guerra, terramotos e coisas afins. O que é razoável mostrar nas TVs? Imagens de grande violência são, por regra, exploração das vítimas, e grande parte das vezes não há dúvida que são. Fazer o quê, então, diante a violência extrema? Ficar por imagens «limpas» de modo a não perturbar os estômagos e não correr o risco de ser acusado de exploração da violência? Será que, assim, ficaremos com a noção exacta da dimensão das tragédias que nos mostram? Não estaremos demasiado habituados às «guerras limpas», onde nunca se vêem mortos e feridos agonizantes e cadáveres amontoados? Percebo as críticas às imagens que passam nas TVs, e não é preciso esforçar-me para concordar com elas. Mas o caso é mais complexo do que as críticas sugerem, e sem dúvida que é mais fácil apontar o dedo que a solução. O bom senso seria, aqui, a medida certa, mas o problema é que o bom senso é um conceito tão vago que cada um tem o seu. A realidade é a cores, como agora se diz por tudo e por nada. Simplificar o que não é simplificável, é demagogia ou ignorância. [Originalmente publicado em 11-2-2010]