HOLOCAUSTO. Negar o Holocausto, só por ignorância ou má-fé. Se o primeiro motivo não é aceitável, o segundo é abominável. Dito isto, discordo frontalmente da ideia de que negar (questionar, minimizar, manipular, etc.) o Holocausto é «intolerável», como ainda há pouco disse Bento XVI, embora se desconheça até onde poderá ir o que o Papa considera «intolerável». Goste-se ou não da ideia, parece-me óbvio que um cidadão do «mundo livre» tem o direito de negar o Holocausto, como tem o direito de negar que o Homem foi à Lua, que Hitler tenha existido, ou que Estaline não foi o facínora que se sabe. Por ignorância, por má-fé, pelo que for. É que, por mais voltas que se dê, uma proibição deste teor tem um nome: atentado à liberdade de expressão, para mim mais grave que dizer-se o que se diz do Holocausto. E a liberdade de expressão inclui, naturalmente, dizer asneiras, incluindo asneiras que podem ofender, como no caso do Holocausto. Isto por uma questão de princípio. Na prática, devo dizer que ainda acho pior. Como julgo evidente, a proibição seria (é, nos casos onde existe) uma medida contraproducente. Por todas as razões conhecidas, e porque os judeus já inspiram ódio que chegue. Se fizerem questão de calar quem põe em causa o Holocausto, calem-nos com argumentos — ou, então, com os tribunais. Se nada disso for bem-sucedido, deixem-nos falar. [Originalmente publicado em 19-2-2009]