DIRECTAS. Goste-se ou não da ideia, a eleição do líder de um partido político directamente pelos seus militantes é mais democrática que a eleição pelo método dos delegados. Tem, naturalmente, inconvenientes, mas a eleição directa dá aos militantes o poder de dizerem o que pensam — e não, apenas, o poder de escolherem quem pense (e decida) por eles, como acontece pelo método dos delegados. É provável que as últimas eleições no PSD tivessem um desfecho diferente caso o método de votação fosse outro, mas isso só vem demonstrar que o resultado teria contrariado a vontade dos seus militantes. Para quem não se cansa de dizer que os partidos estão cada vez mais distantes dos seus militantes, isto devia servir de lição. Infelizmente, a avaliar pelo desprezo com que se fala das «bases», não vai servir. O ideal, para alguns, seria que apenas os iluminados pudessem votar, e não só nas eleições partidárias. O povo é demasiado ignorante para saber o que quer, e só atrapalha. Ora, é precisamente por este pressuposto que eu prefiro o voto do povo ao voto dos iluminados, mesmo consciente dos perigos que daí possam surgir. É que eu abomino o populismo e a demagogia, mas ainda abomino mais a ideia de que o povo precisa de alguém que decida por ele. [Originalmente publicado em 5-10-2007]